Sua Majestade Pati
A obra é uma intervenção poética que coloca a palmeira Pati, espécie nativa da Mata Atlântica, no centro de uma reflexão sobre história, identidade e transformação da paisagem. Por meio de mantos criados com frottage das folhas da palmeira, a artista realiza um gesto simbólico de reinserção em espaços urbanos e culturais. Ao percorrer ruas, praças e instituições artísticas, sua performance transforma o corpo em um suporte de memória, carregando as marcas dessa vegetação que, ao longo do tempo, foi substituída por espécies estrangeiras e marginalizada pelo crescimento das cidades. A presença da palmeira Pati em ambientes onde ela já não existe provoca um estranhamento proposital, chamando atenção para o desaparecimento progressivo de espécies nativas que antes predominavam no território brasileiro. Quando levada para a Europa, a obra adquire um novo significado. Os mantos de frottage, atravessando o Atlântico, tornam-se um gesto de ressignificação, inserindo a palmeira em espaços culturais que, em outro contexto, poderiam tê-la reduzido à mera curiosidade exótica e decorativa. A performance não apenas questiona o passado, mas também propõe uma reflexão sobre como elementos naturais e culturais são valorizados ou esquecidos. Ao ocupar museus e galerias, a Pati deixa de ser apenas um vestígio botânico e passa a simbolizar uma presença reafirmada, convidando o público a repensar histórias de deslocamento, adaptação e permanência.
